quinta-feira, 28 de abril de 2016

Subtil. Desordeiramente calmo. Como um pássaro que voa graciosamente por uma tempestade. Algo simplesmente complexo que todos sentem sem ninguém o entender.
É o fogo. É a dor. É a marca. É o amor. Pequena palavra sofrida que transmite pensamentos difusos que se encontram trancados entre a vida e a morte.
Misero sentimento penoso que é capaz de matar, destruir, do mesmo modo que é capaz de criar universos intrapessoais onde as estrelas são memórias a ser mantidas até que este encontre o seu fim.
Amar é andar ao sol sem ter medo de queimar. É a chama embalada de uma vela onde colocamos o dedo em conjunto com alguém e aguardamos até à eternidade, sempre esperando que a vela não apague ou que nenhuma das partes retire o dedo. É a árvore solitária num deserto escaldante onde esta luta para criar raízes. É o oceano  infinito deixado por explorar para uma pequena caravela com dois tripulantes.
Mas o sol queima quem não toma cuidado. O pavio da vela extingue-se sem qualquer aviso. A árvore torna-se fonte de alimento de criaturas alheias. E o barco fica velho, apodrece, e afunda. Mas, acima de tudo, amar é superar as injustas adversidades causadas por aqueles que não souberam amar.
Se o sol queima, então que arda na pele dos dois. Se o pavio termina, então saltem juntos para a fogueira. Se uma árvore morre, plantem uma floresta. Se a caravela afunda, apoiem-se nas asas um do outro e voem. Sem destino. Sem nada. Sem mais ninguém. Apenas os dois e o sentimento que prometeram não deixar afundar com a caravela.
Afinal, amar é viver. Amar é morrer. É viver amando alguém e saber que fomos amados até ao final. E eu amo-te. Por isso voa comigo rumo ao horizonte e não voltes a olhar para trás, para algo que não fomos capazes de transformar em amor.

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